segunda-feira, 22 de março de 2010



Filosofia e Direitos dos Animais

A "batalha" que actualmente é travada a favor do reconhecimento dos direitos dos animais é ancestral. De facto no século VI A.C., o famoso filósofo e matemático Pitágoras fez referência ao respeito animal, isto porque acreditava na transmigração das almas, ou seja, na reencarnação das almas entre seres humanos e animais. Aristóteles no século IV A.C. diverge desta posição, argumentando que os animais são seres destituídos de racionalidade e como tal, existiam apenas para benefício dos seres humanos.
 Muitos séculos mais tarde, na mesma ordem de pensamento, surge o filósofo francês René Descartes que afirma que os animais não possuem alma, logo não pensam e não sentem dor. Em 1754, Jean-Jacques Rousseau responde contra tal argumento, salientando que os seres humanos são igualmente animais e que por isso, não teriam o direito de maltratar os seus "semelhantes".
Voltaire também se insurge contra Descartes escrevendo no seu Dicionário Filosófico a seguinte passagem sobre a qual incide a minha colaboração neste mês de Março e relativamente à qual vale a pena meditar:

Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem ,calo-me. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.
Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda a parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta a sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias. Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente  vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para te mostrarem as veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos orgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os orgãos de sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.

Fonte: Wikipédia 
Foto de AnaLuz (retirada do flickr- creative commons)

Carla Quintas- colaboração mensal para a SOS Animais-We care4animals

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